Cara, pense aí em uma pessoa vivendo sozinha.
Aposto que na sua cabeça vai aparecer alguém triste. Longe, mas muito longe mesmo, de alguém feliz. É mais provável que você imagine alguém de olhar perdido, vivendo num apartamento bagunçado e com comida congelada vencida no freezer. Dá té para sentir um cheirinho de depressão no ar.
É muito difícil criar a imagem de alguém que escolha viver sozinho e seja feliz com a sua escolha. Não é pra menos.
Desde que veio a este mundo você foi bombardeado, insistentemente, com a ideia romântica dos pares. É uma imagem onipresente desde Adão e Eva, passando pela boa e velha arca de Noé repleta de pares de bichos. Cinema, livros, novelas, desenhos animados… Tudo, literalmente tudo, sempre te levou a imaginar a vida a dois. A ideia de viver a vida só sempre foi acompanhada de tragédia, doença, tristeza ou, pura e simplesmente, incompetência pessoal para conseguir uma parceira ou parceiro.
Mas os tempos mudaram. E continuam mudando…
Hoje é crescente o número de pessoas que escolhem e decidem viver sozinhas. Sua postura diante da vida não é de amargura ou de infelicidade. Mas também ficam longe da solteirice desenfreada como se a vida fosse uma balada interminável.
Estas pessoas simplesmente escolhem seguir a vida contentes com a própria companhia.
Basta dar uma chegada no supermercado e ver os efeitos que isso tem causado. As embalagens são cada vez menores e cada vez mais você encontra porções individuais prontinhas para consumo. Viver sozinho, do ponto de vista operacional, é cada vez mais fácil.
Os imóveis são menores, os carros idem. Eletrodomésticos que fazem de tudo. Até pão quente.Tudo indica que esta é uma tendência firme destes novos tempos.
Viver sozinho não indica uma fatalidade, nem que seja uma escolha imutável. Não impede que se viva relacionamentos. Mas o enfoque é na realização pessoal e profissional. Maternidade, paternidade ou conjugalidade não são mais prioridades.
Mas não vá pensando que a opção por viver sozinho é uma escolha fácil. A pressão social ainda é enorme.
No fundo, sustentar esta escolha pode ser tão difícil quanto seguir uma vida a dois.